Hoje a criatividade é uma base da Artificer junto com a tecnologia.
Mas no início de 2017, quando a Artificer ainda estava nos seus primeiros meses, eu não me considerava uma pessoa criativa.
A habilidade que eu tinha era estudar. Mas eu não queria seguir a carreira acadêmica. Então mal sabia o que queria fazer da vida.
Nesse mesmo período, fui escritor de conteúdo do Responde Aí, uma plataforma para alunos universitários estudarem melhor para as suas provas.
E foi lá que eu recebi um treinamento do Michel Nigri que mudou a minha cabeça.
Em algumas horas, descobri a capacidade criativa que eu tinha -- e que você com certeza tem também.
O treinamento era baseado no livro Why Don't Students Like School? do Daniel T. Willingham, que fala sobre como os nossos cérebros funcionam para então ensinar professores a ensinarem melhor.
Mas no meio disso, o livro acaba explicando como experts pensam e como todos nós podemos fazer o mesmo.
Como experts pensam
A forma como experts pensam é muito bem resumida por um exemplo que o Michel utilizou e que eu vou destrinchar aqui.
Vamos dizer que você é um(a) médico(a) e chega para você um paciente com uma condição desconhecida.
Ninguém da sua equipe consegue diagnosticar o paciente.
Até que uma figura excêntrica com muita expertise, um Dr. House, chega e faz um diagnóstico criativo e inédito na história da medicina.
Sua equipe faz alguns testes e confirma que o diagnóstico foi perfeito.
Você pergunta ao Dr. House como ele fez o diagnóstico e ele te explica como, a qualquer dado momento, ele estava processando 20 conhecimentos diferentes na "memória de trabalho" da cabeça dele:
Além disso, ele explica que ficou conversando consigo mesmo para estar sempre trazendo da "memória de armazenamento" dele conhecimentos diferentes para serem processados.
Ao ouvir isso, a sua reação é imaginar que certamente o Dr. House possui uma cabeça diferenciada, com memórias muito maiores.
Mas a verdade é que a neurociência mostra que todos os nossos cérebros tem capacidades muito, muito parecidas.
Basta perceber que quando você dirige um carro, por exemplo, você sem perceber também está pensando em 20 coisas ao mesmo tempo e tem 100 outras ideias prontas para entrarem em ação caso necessário, assim como o Dr. House fez no caso do paciente.
Então, se o nosso cérebro é tão parecido com o do Dr. House, o que é que ele tem que a gente não tem?
1. Ele tem mais conhecimento factual
Ou seja, ele passou mais horas estudando, possivelmente desde uma idade jovem. E aproveitou o conhecimento de uma variedade de fontes.
Como consequência, ele tem mais conhecimentos de medicina na memória de armazenamento dele.
& 2. Ele tem mais prática
Ou seja, depois de adquirir cada conhecimento ele fez resumos, exercícios escritos, exercícios mentais, encarou situações reais e deu aulas sobre o assunto.
Como consequência, ele descobriu a essência de cada conhecimento. E assim cada "bloquinho" de conhecimento ou ideia ocupa um espaço menor na memória de trabalho dele.
Agora vamos pensar nos nossos cérebros.
Com menos conhecimento factual no tema e com menos prática, os nossos cérebros pensando em um problema de medicina parecem mais algo assim:
O que significa que as novas ideias que nós somos capazes de ter vão ser mais rasas.
Em outras palavras, a nossa criatividade vai estar limitada.
Descobrindo a sua criatividade
Vamos dizer agora que você precisa resolver um problema complexo no seu empreendimento, no seu hobby ou no seu trabalho.
Um problema daqueles que precisa de criatividade. Tipo lançar um produto novo no mercado, se expressar através de uma obra de arte ou otimizar um processo ineficiente.
Então você começa a resolver o problema.
Você sabe que tem a capacidade de ter ideias geniais (todos temos!), mas não está tendo nenhuma ideia boa.
Você começa a sentir uma ansiedade.
Nesse momento, você só precisa se lembrar de uma coisa:
Você não vai ter as ideias de um expert enquanto você não tiver o conhecimento e a prática de um.
Ou seja, pare de tentar criar e vá estudar um tanto.
Afinal, como diria Thomas Edison:
A genialidade é 1% inspiração e 99% perspiração.
Então abra livros. Pesquise no Google. Clique até nos links dos fóruns mais escondidos. Veja videos no YouTube. Entreviste pessoas. Observe pessoas. Etc.
Cada fonte de conhecimento vai ter algum pedacinho de conhecimento que não se encontra nas outras, então use todas!
Uma vez que você tiver estudado um tanto, lembre-se que um conhecimento que não foi praticado é difícil de processar. Então pratique um tanto.
Faça resumos. Faça esquemas. Tente definir a aplicação de cada conhecimento. Aplique em um pequeno projeto. Faça um experimento. Ensine para outra pessoa. Etc.
Ao longo dessa prática, o seu cérebro vai começar a funcionar como o do Dr. House e você vai começar a ter boas ideias para o seu problema.
E de repente o caminho até uma ideia ou conclusão "genial" vai aparecer claro para você.
Como aplicamos isso na Artificer
Sempre que um cliente traz uma ideia de produto ou peça nova pra gente desenvolver na Artificer, temos um ritual.
É algo que ainda estamos aprendendo a fazer quando estamos à distância (aceitamos dicas nos comentários!), mas que sabemos fazer muito bem presencialmente.
Inclusive me lembro de cada ritual. Teve um na sala de estudos da FAU-UnB, outro na sala de estudos da FT, um num Fran's Café, um no Espaço 365 e alguns na casa do Lucas Koeler.
O ritual consiste em passar mais ou menos 1 dia direto estudando sobre os diferentes aspectos do futuro produto.
E depois mais 1 dia praticando os conhecimentos adquiridos, relacionando eles e explorando possibilidades.
Esse ritual não resolve todo o produto. Mas é o suficiente para termos ideias muito boas e uma visão muito clara do que precisa ser feito a seguir.
Tem alguma ideia de produto que você gostaria de desenvolver ou produzir? Uma máquina, peça ou mecanismo? Traz pra gente da Artificer. Vamos trabalhar para te surpreender!